Liderança é conversa fiada, afirmou Peter Drucker, em sua
última entrevista para a imprensa americana, em 2005.
Atualmente, existe uma dificuldade crescente de se obter
comprometimento das pessoas que ingressam no mercado de trabalho. O
comprometimento com os resultados e o respeito à hierarquia tornaram-se uma
utopia e as pessoas mudam de emprego na mesma velocidade com que mudam de roupa
em razão do imediatismo financeiro e profissional que tomou conta do mundo.
De acordo com Mendes, nenhuma faculdade, universidade ou
mesmo escola de negócio forma líderes. “O que a maioria tenta é adestrar
profissionais para seguirem a cartilha das empresas, as quais, lamentavelmente,
pelo menos no Brasil, ainda pensam que as pessoas são apenas um número e,
portanto, devem fazer aquilo que a empresa quer, não o que é necessário ser
feito”.
O papel dos cursos consiste em
formar pessoas que cometam o menor número possível de erros em cargos de
liderança considerando que os mitos do líder nato, do líder treinável ou mesmo
do carismático já foram derrubados há muito tempo.
É duro imaginar
que, em pleno século XXI, as pessoas ainda necessitem de “líderes” para
comandá-las ou para ensinar o que elas mesmas não conseguem aprender em trinta
anos de carreira.
Liderança
é uma forma de dominação social e de poder, seja ela carismática,
racional-legal ou tradicional. Como diria Stephen Covey, estudioso do assunto,
é um conceito misterioso e ilusório que nunca será dominado na face da Terra,
pois as variáveis políticas, sociais e econômicas mudam constantemente e não
temos o menor controle sobre elas.
Se você
quer apenas conhecer as melhores práticas sobre liderança e, de quebra, ainda
levar um certificado, a escola é o melhor caminho, mas se você quer entender
como funciona os bastidores da liderança nua e crua, aqui vão algumas lições
que, raramente, são ensinadas nas escolas:
1.
Liderança é uma forma de dominação social, mas o fato é que ninguém gosta de
receber ordens; a maioria das pessoas se sujeita por uma questão pura e simples
de necessidade ou de sobrevivência;
2. Para
a maioria dos presidentes, diretores e gerentes, o melhor profissional sempre
foi e sempre será aquele que não questiona e, principalmente, aquele que não
tem a menor pretensão de ocupar o lugar do chefe;
3.
Chefe é aquilo que você deseja ser, mas odeia ter; se você precisa de um chefe
para se motivar, você está no lugar errado;
4. Os quatro mitos da liderança
já foram quebrados por Robert Goffe e Gareth Jones, pesquisadores do assunto:
1º) Nem todos podem ser líderes, alguns nem querem; 2º) Nem todos os líderes
que chegam ao topo são líderes, alguns chegam por conchavo, conluio e outros
métodos nada ortodoxos; 3º) Nem todos os líderes levam a resultados, caso
contrário, o serviço público seria maravilhoso; e 4º) Nem todos os líderes são
grandes coaches;
5.
Existem coisas da alta administração que nunca vão chegar ao chão de fábrica e
vice-versa, portanto, não há razão para conspirar nos banheiros da empresa.
Alimentar expectativas em relação a isso é uma forma inquestionável de
sofrimento;
6. A
maioria dos profissionais que se dizem líderes tem dificuldades em reconhecer o
bom trabalho dos seus liderados; portanto, se o reconhecimento não vier como o
esperado, pare de reclamar e continue trabalhando;
7. Não
existe liderança nata, mas algumas pessoas são favorecidas por características
de comando e controle, fruto do meio onde nascem, crescem e se desenvolvem;
8. As
empresas são realidades socialmente construídas muito mais nas cabeças e mentes
de seus líderes do quem em métodos aprendidos nas escolas; as empresas refletem
o pensamento do dono, do diretor, do chefe e assim por diante;
9. A
maioria dos líderes não sabe dar nem absorver feedback, primeiro porque não foram preparados para isso, segundo
porque tomam o próprio feedback como
ofensa pessoal; quem não sabe avaliar, reposicionar e demitir pessoas nunca
deve se meter em cargos de liderança;
10. Ao
contrário do que afirmava James Hunter, autor de O Monge e o Executivo,
liderança não exige perdão, nem humildade, nem altruísmo, nem nada parecido;
liderança exige muita disposição para engolir sapos e lidar com gente
dissimulada, uma boa dose de hipocrisia corporativa e, principalmente, desprendimento de
alguns valores, caso contrário, você pode chegar até o topo, mas não conseguirá
se manter nele.
Por
fim, lembre-se: não existe fórmula para ser líder. A liderança é um somatório
de várias competências raramente encontradas numa única pessoa. Portanto, seja
você mesmo, faça o melhor que puder e pratique o senso de justiça. Ter poder
não lhe dá o direito de ser cruel nem de brincar com a vida das pessoas.
Fonte: Administradores.com