Contrato Psicológico de Trabalho - as relações empresa-pessoa

Toda empresa é um conjunto sociocultural organizado para realização de serviços e implica num sistema de redes, status e papéis. A coordenação das atividades é possibilitada através da divisão do trabalho, hierarquia, autoridade e responsabilidade. Tais atividades visam à satisfação das necessidades organizacionais, mas dependem da eficiência dos indivíduos. 
Na cultura empresarial o indivíduo é visto de forma incompleta, apenas com habilidades específicas para a realização de tarefas. Assim, durante a relação indivíduo-empresa, há uma cisão do comportamento: de um lado a força de trabalho com subordinação às regras da empresa, de outro o vivenciar, as emoções, a vida individual. 
O processo de firmar contrato de trabalho caracteriza-se por acatar às normas, valores e procedimentos comuns e coletivamente aceitos naquela organização. "O homem organizacional" leva toda sua potencialidade psíquica, física, social, mental; suas características anatômicas, fisiológicas, e sensitivas para o espaço da empresa. 
O contrato psicológico de trabalho caracteriza-se por um conjunto de expectativas que se estabelecem entre o indivíduo e a empresa à respeito das responsabilidades, remuneração, benefícios etc. Este é um fator decisivo no processo de adaptação do indivíduo na empresa e que, no entanto, são geralmente propostos por empresas em forma de modelos estatísticos e limitados, visando um enquadramento homogêneo ao cargo ou função. Estas expectativas e proposições informais ficam encobertas e só emergem em momentos de crise ou intervenções específicas, em programas de mudança organizacional, referentes às respostas psicossomáticas. A empresa tradicional não pretende adaptar o trabalho para o homem e sim este para o trabalho, criando-se um hiato cada vez maior entre eles no exigente mundo contemporâneo. 
O grupo de trabalho gera redes de influências derivadas da cooperação, competição etc e redes de afetos entre as pessoas com as quais se convive. 
Para a estabilidade dinâmica do grupo deve haver equilíbrio. Deve existir reciprocidade no grupo. É uma expectativa constante. Se a regra de trabalho na empresa é não parar a produção, quando ocorre essa quebra em função de doença, estabelece-se uma suspensão da reciprocidade. Portanto, a relação empresa-pessoa será mais ou menos conflituosa quanto maiores forem as diferenças de expectativas rígidas entre a empresa e o empregado. 
Mesmo diante desses dados, o aparecimento de problemas no indivíduo é ainda pouco previsto antes do vínculo empregatício. A vida moderna, as condições atuais do trabalho, a cobrança da produtividade e qualidade total tornam o trabalho casa vez mais estressante e insensível às condições humanas. A maioria das empresas coloca a produção como o mais importante, como o objetivo que deve ser cumprido a qualquer preço. Os trabalhadores sacrificam finais de semana, feriados e fazem hora-extra para conseguir concluir a demanda das empresas, sem recompensa adequada. 
Isto gera um nível muito grande de ansiedade no trabalhador, pois ele se vê privado de seu lazer, de sua vida familiar, de seu descanso, para dar conta do trabalho. Como conseqüência há um aumento no índice de doenças psicossomáticas relacionadas com o trabalho. 
O homem não pode ser colocado no mesmo patamar que as máquinas para execução do trabalho. O lazer e o descanso são primordiais para a manutenção da qualidade de vida e da saúde. 

Fonte: DPEmpresarial