Como treinar o Presidente?

Uma das grandes dificuldades no desenvolvimento de programas de treinamento gerencial e organizacional é começar de “cima para baixo”. É muito comum a cúpula da empresa aprovar o orçamento, mas ao mesmo tempo se excluir do processo.
Alegações tipo falta de tempo, necessidade de estar presente para resolver crises emergentes, assunto já conhecido, etc., estão entre as mais usadas.

Será que é isto mesmo? A experiência tem mostrado que por trás dessas alegações pode estar o medo de se expor, de parecer mais desatualizado que os subordinados e, principalmente, o receio de ser confrontado por um dos membros do grupo.

O objetivo deste artigo é o de apresentar algumas opções para envolvimento do presidente (e por que não da diretoria) em programas de educação corporativa.

Treinamento individual
É o treinamento um a um (consultor-presidente), onde não existe plateia e se trabalha em cima das necessidades específicas do cliente, após um diagnóstico feito em parceria. A garantia de sigilo é total em relação ao tema e até o próprio treinamento em si.

Atuação como consultor
Para ensinar algo é preciso ler, aprender e pesquisar. Inúmeras empresas estão incentivando seus executivos de alto nível para atuar como consultores internos, a nível de sala de aula (muitas empresas de consultoria já estão se adequando a essa necessidade de sua clientela). Além do benefício já citado, há o aspecto relativo ao conhecimento do negócio que o presidente sabe como ninguém, bem como sua maior credibilidade para o público interno.

Programa no exterior ou fora do Estado
Constitui uma alternativa para minimizar o obstáculo “exposição” do presidente. Diante de um público que não o conhece (ou conhece pouco) o presidente fica mais à vontade, inclusive para ir mais fundo no conteúdo do programa, “errar” nos trabalhos de grupo, exercícios, etc.

E-learning
Embora ainda disponível em menor escala no Brasil (especialmente no segmento gerencial), esta modalidade de treinamento tem a vantagem de poder ser inserida nas “brechas" de tempo do presidente.

Coaching
Trata-se de uma modalidade de treinamento indireto. No caso, o presidente deve ser o “mentor” de um executivo pouco experiente, mas de muito futuro. Nesta relação, o primeiro deve passar para o segundo toda sua experiência em termos de erros e acertos. Minha experiência mostra que, ao se preparar para isso, o presidente acaba tendo que sistematizar conhecimentos, suprir lacunas, se informar, etc.

Leituras dirigidas
A partir de um levantamento de necessidades poderão ser selecionados temas de maior interesse e atualidade. Para cada um desses temas são escolhidos livros, artigos, vídeos, programas interativos com micro, etc. A freqüência de remessa desse material deve ser mensal ou quinzenal. O “controle” de retorno pode ser feito via uma entrevista com consultores de 3 em 3 meses, solicitação ao presidente que resuma o que fez/viu e faça uma palestra ressaltando a aplicabilidade à sua empresa, etc.

Treinamento só para Diretores
Algumas instituições promovem atividades onde só se admitem presidentes. A homogeneização do grupo pode levar à minimização do problema nível de exposição, medo de errar, etc.

Estas são ideias para atrair os presidentes para “sala de aula”. Certamente algumas podem parecer algo ousadas para sua empresa, mas pelo menos uma deve servir para seu caso. Por que não tentar?