Procurando, encontramos diversos cursos para aprimorar a
habilidade de “falar”: Como Falar em Público, Como falar com Desenvoltura, Como
Falar para um Público Hostil são alguns dos temas disponíveis. Entendo que
falar bem é muito importante e que esta habilidade deve sempre ser aprimorada,
mas e quanto a ensinar a ouvir? Entendo que se saber falar é importante, saber
ouvir é fundamental para nosso cotidiano corporativo.
Para que possamos realmente
ouvir o que o outro tem a dizer temos que ter a capacidade de nos despir das
pré-suposições que nos fazem imaginar que já sabemos o que será dito e que por
isso já podemos formar nosso juízo de valor sobre o assunto. Além disso, temos
que nos dispor a parar, limpar a mente e ouvir com atenção. Isso significa se
afastar do computador, para evitar a tentação de ler um “e-mailzinho”, ignorar
o telefone e as interferências externas. Entendo que o grande vilão do ato de
ouvir com atenção são as interrupções, fruto do que foi comentado
anteriormente, ou seja, estar suscetível as interferências externas e pré-supondo
o que será dito.
Quando o ouvinte de um diálogo
está exposto a estas interferências é inevitável que ele perca a atenção ao
interlocutor e com isso ele perde também a capacidade de ouvir o que não é
dito, ou seja, ouvir o que o corpo, o comportamento e a postura dizem. Às vezes,
o que não é dito é mais importante do que o que é dito.
É importante também lembrarmos
que as interrupções têm um efeito negativo dobrado no processo de comunicação.
Além de agir sobre o ato de ouvir elas agem também sobre o de falar. Isso
porque as tais interrupções desmontam a linha de raciocínio, a sequência de
argumentos e a estrutura de convencimento criada por quem está expondo um
assunto ou uma tese. Desta maneira, as interrupções prejudicam quem está
falando e inviabilizam ainda mais o ouvir com atenção e qualidade.
Outro problema gerado pelas
tais interrupções é que elas alongam a conversa e retardam a resolução de
assuntos que poderiam ser resolvidos mais rapidamente. Isto se deve ao fato de
que uma interrupção coloca mais tempo na conversa e ao fato de que as
interrupções mudam o foco da conversa,
levando-a para assuntos para os quais as partes nem sempre estão preparadas.
Dentro deste contexto, ouvir
com qualidade é consequência de um conjunto de práticas e não apenas sentar na
frente de alguém e dizer: pode falar que estou disponível.
Fonte: Você s.a.